quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Uma história de outra Nô

Olá pessoal!

Sim, eu sei que tenho deixado isto um pouco ao abandono mas tenho sentido pouca inspiração para escrever. Sinto que já quase disse tudo o que conseguia expor por palavras. Tudo o resto que sinto (e é imenso) não consigo explicar. Não tenho arte para tal e duvido que alguém tenha.

Mas escrevo-vos hoje porque partilharam comigo mais uma história. Outra Nô. Desta vez da mãe Tainá Ornelas.
O que é incrível neste texto (para além de estar incrivelmente bem escrito) é a forma como me revejo em tudo o que ela escreveu.

"The Angriest Man in Brooklyn

Ontem, o papá e mamã armaram-se em casal de meia idade, ou então em senhoras de meia idade, e foram ao cinema. 

Fomos ver o último filme do Robin Williams... E fomos justamente por isso, não imaginávamos que era um filme tão bom...
A história é simples, e até um pouco "batida", mas a verdade é que ninguém pensa muito no assunto, até se ver dentro do mesmo problema, até se ver de frente com a morte.
A morte, vamos lá ver... Não é assim tão má. Tudo depende de como olhamos para ela. Uma morte prematura, num bebé como tu, numa criança, ou mesmo num jovem adulto, choca sempre... Em uma pessoa mais velha, é algo mais aceitável, "porque afinal a pessoa já viveu toda uma vida"... Quem fica, quer numa morte prematura, quer de uma pessoa idosa, sofre sempre, disso não temos dúvidas.
Boa parte das pessoas não sabe quando, ou como irá morrer, o que é extremamente positivo. Porque se soubéssemos, ia ser uma loucura pegada. Mas quando acontecem situações como a do filme... Um aneurisma, inoperável. Não sabes quando vais morrer, apenas que vais, e em breve. Faz-te parar. Paras para repensar toda a tua vida, no que tens sido, no que de facto é importante, no que queres fazer nestes últimos tempos que te restam aqui deste lado. É uma chapada da vida. Porque a nós?! Ninguém sabe responder. Mas se soubermos pegar neste limão azedo e fazer uma limonada... Podemos aproveitar para tentar consertar os nossos erros. Ou então minimizar as consequências. Foi o que o personagem principal fez.
Trazendo isso para a nossa história, não fui eu que morri, literalmente..
Mas levaste parte de mim. Por tanto, é como se eu tivesse morrido também. Fui confrontada com a tal morte... E descobri que, afinal, não é tão má assim. Tenho saudades tuas, muitas, dava tudo para ter-te aqui comigo, mas seria ingrata em não reconhecer que a tua morte, a tua partida, fez de mim uma pessoa melhor. Porque cheguei ao ponto em que tive que rever as minhas prioridades, o que de facto queria para mim, se eu era de facto quem eu era antes de partires... E estou a tornar-me uma pessoa melhor. Dói, como dói... Mas não há vitória sem luta, e às vezes, às vezes os ensinamentos são assim, duros... A boa notícia, é que nunca mais nos esquecemos :)
Ter sido apanhada nesta "rasteira da vida", foi a pior, e ao mesmo tempo, a melhor coisa que já me aconteceu... Como é que sei isso?! Não sei, ainda estou a aprender e tenho um longo caminho pela frente. Sei que vão haver momentos em que vou ler isto e vou dizer que estava louca quando o escrevi... Vai doer, vai continuar a doer, sempre... Mas com esta dor também vou aprender, vou crescer... E vou ser alguém melhor. Por ti. Por mim. Pelo papá. Pelo teu mano que ainda virá.
Assim, quando chegar a minha hora de partir e ir ter contigo, vou poder fechar os olhos e descansar... E ter a certeza de que dei o meu melhor.

Amo-te Pipocas!... <3

Beijinho da Mãe <3"




Resta dizer que a Pipocas deixou de ter batimentos cardíacos às 40 semanas e 2 dias. Não consigo conceber, quanto mais imaginar, a dor...

Eu também gosto muito de ti, Pipocas. :) E sei que deves sentir imenso orgulho nos teus Pais.

Abraços a tod@s.

2 comentários:

  1. Sempre que leio esta carta emociono-me... revejo-me tanto nela..
    abraço-vos a todos!

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  2. É uma dor que não passa...
    Que o Ano Novo traga só momentos bons!

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